segunda-feira

Mais Papista que o Papa?

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Amigos...

Com esta história toda da morte do PaPa ando numa continua depressão. Não é que a morte do Sr. me incomode ou me afecte sobremaneira, num ponto de vista religioso. Até admiro o Sr. pela sua coerencia, combatividade, arrojo, preseverança e também pela capacidade de pedir perdão pelos erros do passado, embora deixe para eventuais sucessores o pedir perdão para os seus erros, perdão pelas vidas que prejudicou irremediavelmente com a "ameaça" do Inferno ou da excomunhão (vide o uso do preservativo e a sugestão da abstinencia como modo de combate à Sida).

O que também me incomoda nisto tudo é o desfile de padres na comunicação social. Emitindo opinião e a "pôr a boca no trombone" simplesmente porque o "censor-mor" morreu e não temem represálias. O que vale é que o Cardeal Patriarca tem cara de elefante e não vai esquecer o que foi dito. Assim que a poeira assente vão pregar para a ilha do Bugio ou para a Cova da Moura.

Sim, porque o nosso Cardeal Papável em breve estará de volta, após uns dias "à sombra" na capela Sistina.

Se o arrependimento matasse...

O pior é que não mata e embora a igreja perdoe a toda a gente não o faz aos que "cagam fora do penico".

Nos entretantos safam-se sempre os Melicias e afins. Acho caricato um franciscano com votos de pobreza andar de BMW e vestir-se na Sacoor. Eles opinam e voltam a opinar e á cova da moura nunca vão parar...



O nosso Cardeal Patriarca, face à morte de Sua Santidade, em comunicação ao país, minimiza o trono de S. Pedro e o seu ainda ocupante (pois o cadaver ainda não arrefeceu) afirmando que qualquer um dos cento e vinte e tal cardeais pode vir a ser eleito. Nem um elogio, nem um epitáfio, sómente uma afirmação banal tipo "Primus inter pares". Não se esqueçam que eu também sou importante e posso vir a ser o próximo PaPa. Caramba, que arrogancia. O Carol viveu o Nazismo, o regime comunista. Foi sujeito a trabalhos forçados em campos de concentração. Contestou a escória comunista enquanto primaz de Cracóvia, arriscando-se a ser "silenciado" ou ir de novo parar a um qualquer gulag escondido onde o Judas perdeu as botas. Lutou por aquilo que acredita merecendo a admiração e respeito de toda a Humanidade e este nosso patriarca, adepto do chá das cinco com as beatas, cliente das mordomias eclesiasticas (isentas de imposto), confortavelmente em silencio durante uma ditadura que, em comparação, foi de pé de chinelo, vem falar aos portugueses como amigalhaço contemporaneo e possivel sucessor do "camarada" Woityla?

Se este PaPa fez o que fez pelo mundo, ao facto de ter sido um operário o devemos. Imagino o que um "teologo da treta", pessoa muito letrada, cardeal do País da Quinta das celebridades, faria se ascendesse ao trono de S. Pedro. Se calhar recomendava o Age of Empires para acabar com a guerra no mundo...

Até o camarada Jerónimo vem a terreiro elogiar quem deitou por terra o seu ideal de sociedade e governo. Isto não é mais nada que ter a noção que o "voto católico" é imprescindivel e que o seu eleitorado, embora fiel nos congressos e comicios, em casa, fazem como os judeus faziam na Idade Média. Rezam ás escondidas e circuncisam bebés amordaçados para que o padre cura não ouça os berros das criançinhas...

Aliado a tudo isto, a ressureição de bolorentas figuras da nossa praça, contando histórias ridiculas de breves encontros papais, aos quais não vejo o minimo interesse, também me incomoda.

Quero lá saber se o Eanes almoçou com o PaPa ou se o Bochechas trocou impressões e se vangloriou de ter viajado mais que Sua santidade ou se tem mais titulos honoris causa....

Para que é que me obrigam a ouvir um Presidente laico dizer que, por causa da maioria católica portuguesa que também representa, vai estar presente nas cerimónias Funebres, acompanhado de um ministro que abandonou os seus ideais Democratas Cristãos...

Isto é uma verdadeira anedota, a unica coisa que me fez feliz foi o facto de o Paulo Portas ter ficado sossegadinho e não ter vindo a terreiro dizer que, á semelhança do Santo Padre, também recorre à abstinência para não contrair o virus da SIDA.

Já nada me admira neste país, "Faz o que o padre cura diz, não faças o que ele faz..."

Se assim fosse, sem a lufada de ar fresco proporcionada por sacerdotes como o Carol Woityla, que metem acção em vez de só falarem, falarem, falarem, falarem, tendo coragem para se assumir e dar o exemplo, o trono de S. Pedro era na Sé de Lisboa e o Vaticano ficava no Largo do Rato...

Não hei-de andar chateado, É claro que ando...

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